A pandemia COVID-19 impulsionou a adoção rápida e generalizada da teleprática em todos os aspectos da saúde como resultado, na busca de alternativas para continuar prestando serviços aos pacientes (Ward, et al., 2022 e Burns, et al., 2019). Com a teleprática reconhecida como uma modalidade de serviço que poderia apoiar o distanciamento social, controle de infecção, superar os desafios de prestação de serviços criados por fechamentos de serviços e abordar as preocupações dos consumidores sobre o comparecimento a consultas presenciais.
Coyle (2019) refere que o aumento da demanda por serviços de saúde remotos levou a avanços tecnológicos na área da telemedicina. Plataformas de videochamada e sistemas de gerenciamento de saúde online tornaram-se mais acessíveis e fáceis de usar. Isso facilitou a realização de consultas virtuais, onde os fonoaudiólogos tiveram a possibilidade de encontrar recursos mais eficientes para avaliar e tratar pacientes disfágicos, inclusive oferecendo treinamento e orientação aos cuidadores e familiares dos pacientes e permitindo também maior acesso a serviços em áreas remotas, superando barreiras geográficas. A teleconsulta fonoaudiológica também tornou os serviços mais acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida ou com dificuldades de locomoção. (Ward et al.,2022)
As tecnologias com utilização de dispositivos não invasivos e portáteis são consideradas elementos-chave para a evolução da coleta de dados sistematizada nas terapias de disfagia, incluindo as terapias à distância, trazendo maior fidedignidade ao acompanhamento dos exercícios propostos e seus resultados e além de permitir o monitoramento em tempo real (Sejdic, Malandraki e Coyle, 2019).
Os autores que trabalham com estas tecnologias, estão desenvolvendo na atualidade, instrumentos e padronizações para processos específicos da deglutição e grupos populacionais com agravos específicos, com o foco na compreensão da biomecânica da deglutição, aspiração e penetração laríngea Frakking et al. (2022), Konradi et al. (2022) e Weng et al. (2022).
As tecnologias que coletam dados de dispositivos como ultrassom (Chantaramanee et al. 2022), EMGs (Roldan-Vasco et al.; 2018), HDCA (Sabry et al., 2020; Frakking et al.; 2022 e Shu et al.; 2022), estetoscópio digital (Suzuki et al.; 2022), acelerômetro (Khalifa, Coyle, e Sejdić; 2020), Análise Acústica Vocal (Park et al., 2022) são identificadas como possíveis para monitoramento de pacientes em terapia, inclusive com o uso de acompanhamento de dados em nuvem e tecnologia mobile (Kuramoto et al., 2020).
Ramirez et al. (2018) descreveram o desenvolvimento de nano sensores para avaliar a deglutição e os mecanismos reológicos das consistências dos bolos alimentares em deglutições disfágicas e não disfágicas. Com os dados obtidos, os pesquisadores desenvolveram um algoritmo de aprendizado de máquina para automatizar a identificação do tipo de bolo ingerido por um indivíduo saudável com precisão de 86,4%. Esses sensores foram testados em 14 pacientes com câncer de cabeça e pescoço com vários níveis de função de deglutição: de não disfágicos a severamente disfágicos. O algoritmo também foi capaz de discriminar deglutições do mesmo bolo alimentar do indivíduo saudável ou de um paciente disfágico com acurácia de 94,7%. Os autores acreditam que esses resultados podem levar a sistemas não invasivos e domiciliares para monitoramento da função de deglutição e melhora da qualidade de vida dos pacientes disfágicos.
Outra proposta disruptiva, foi apresentada por Kyritsis et al. (2021) que utilizaram equipamentos vestíveis (no inglês, wearables) para analisar o tempo gasto para a mão levar o talher à boca durante o curso de uma refeição em pacientes com DP. Eles utilizaram um total de 28 sessões de refeições, tendo como participantes sete controles saudáveis e 21 pacientes com Doença de Parkinson. Os autores apresentaram validações para cada etapa do processo de forma independente, e acreditam que tais medidas possam ser indicadores objetivos do comportamento alimentar para Doença de Parkinson.
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