As Tecnologias Digitais e a Inteligência Artificial (IA) vêm trazendo ao mercado, uma nova forma de olhar o mundo corporativo. Estes conceitos vêm ganhando espaço nos hospitais, favorecendo o desenvolvimento de uma nova abordagem de cuidado, a e-health (Lottenberg, Silva, e Klajner, 2019), ou saúde digital, que permite ao gestor e ao clínico gerenciar a evolução dos pacientes e monetizar de forma mais eficiente o seu produto (Harlez e Malagueño, 2016; Magrabi et al., 2016; Silva, 2016; Vieira, 2019; Vincent e Creteur, 2017).
No ambiente hospitalar, o avanço no uso de prontuários eletrônicos, de plataformas digitais de saúde e de recursos tecnológicos de monitoramento do paciente, tornou possível a criação de bancos de dados, com informações volumosas, variadas e de fácil acesso, possibilitando que as análises de dados de interesse sejam realizadas de forma mais precisa (Yanaguibashi Albuquerque et al., 2017).
Com o rápido avanço tecnológico, os profissionais da saúde são cada vez mais cobrados por posturas dinâmicas, que inspiram adaptação e eficiência. Aliada a isto, quanto maior é a capacidade técnica para projetar cenários de longo prazo e agilizar respostas às demandas, mais eficiente tem sido considerado o profissional (Deliberato et al., 2019)
Neste contexto de ampliação do uso das Ciências de Dados e da Tecnologia da Informação, a Fonoaudiologia tem buscado se atualizar e se apropriar de ferramentas e abordagens que proporcionem uma assistência cada vez mais focada nas melhores evidências científicas, com custo-efetividade previsto e avaliado por meio de IA (Lopes et al., 2019; Sousa e Mendes, 2019).
Desta forma, é necessário que o fonoaudiólogo que atua em serviços hospitalares saiba coletar, armazenar, tratar e analisar os dados de seu trabalho para que isto seja transformado em ativos e em novos processos, em benefício do paciente (Silva et al., 2016). Porém, lidar com dados implica em questões técnicas, legais e éticas e a análise se depara com inúmeras variáveis, destacando-se as análises sociodemográficas, as inúmeras comorbidades possíveis e os fatores de desfecho da internação e do tratamento (Deliberato et al., 2019; Ferrucci et al., 2019; Lima e Sá, 2019).
Uma área com crescente interesse na Fonoaudiologia é a Disfagia, que vem ganhando grande destaque no cenário do mercado de trabalho em que o fonoaudiólogo brasileiro está inserido, principalmente no contexto hospitalar, representando um grande atrativo para profissionais recém-formados e para aqueles que querem mudar de área devido à maior oferta de emprego (Brasil, Gomes e Teixeira, 2019).
Nesta área, há evidências robustas da melhora clínica após intervenção fonoaudiológica, da redução de custos e da diminuição de desfechos desfavoráveis. No entanto, enquanto serviço hospitalar, a fonoaudiologia no tratamento das disfagias orofaríngeas (DO) é um produto que deve ser contabilizado em termos de custo e benefício e necessita que a tratativa de dados seja realizada em grande escala e com sistematização das variáveis de forma mais objetiva (Ferrucci et al., 2019; Kurosu et al., 2019; Magalhães, Figueiredo e Ferreira, 2021; Moraes e Andrade, 2011; Rebrion et al., 2019; Sejdic, Malandraki e Coyle, 2019).
Neste contexto complexo que envolve custos e benefícios, é necessário que a fonoterapia seja entendida como uma estratégia para a melhoria da qualidade de vida do paciente e para a sociedade, possibilitando a inserção deste profissional nas principais áreas estratégicas da saúde. (Pereira e Veloso, 2022).
Certamente, trabalhar com tomada de decisões baseadas nas melhores evidências proporciona menor custo no tratamento e melhor desfecho clínico. Entretanto, conhecer os fatores preditores dos principais desfechos decorrentes de uma internação hospitalar (alta e óbito) e os fatores envolvidos na reinternação pode auxiliar o Fonoaudiólogo e os gestores a intensificarem a sua atenção em pacientes com maior risco de um desfecho desfavorável (Lobo, 2017; Sejdic et al., 2020).
A pesquisa clínica vem há anos trazendo as informações necessárias para questões específicas da disfagia. No entanto, enquanto serviço hospitalar, a fonoaudiologia no tratamento da disfagia é um produto que deve ser contabilizado em termos de custo e benefício e necessita que a tratativa de dados seja realizada em grande escala e com sistematização das variáveis de forma mais objetiva.
Os métodos de pesquisa clínica podem se beneficiar de um aprimoramento de sua abordagem para buscar tais informações, visto que o montante de dados que agora possui é produzido cada vez mais e com mais precisão pelos meios digitais. E por isso, novos meios precisam ser identificados, para que estas informações sejam analisadas e utilizadas como melhorias de processos de tratamento, otimização de custos e ampliação de benefícios no sistema de saúde e ao paciente, sem deixá-lo vulnerável e nem mesmo infringir os preceitos da ética e segurança da informação.
Como hospitais vêm tratando seus ativos de dados a fim de planejar e prever ações, para a melhoria de seus processos? Como os serviços de fonoaudiologia em hospitais públicos e privados vêm realizando a captura, armazenamento e proteção de dados de sua atuação fonoaudiológica, garantindo a integridade dos dados, assim como a utilização adequada de dados e informações maximizando o uso eficaz destes, a fim de agregar valor aos ativos da informação? Quais processos de inteligência artificial podem ser utilizados possíveis com a sistematização de dados coletados nos prontuários digitais por fonoaudiólogos?
É necessário que a fonoterapia se torne mais eficiente e comprovada para que ganhe maior destaque nos serviços hospitalares, além de promover valorização do trabalho do fonoaudiológico nas instâncias públicas e privadas, frente à comunidade, ao sistema único de saúde, a empregadores, operadoras de saúde, meios políticos e acadêmicos. Mais conhecimento, gera maiores benfeitorias a toda comunidade. Como a Inteligência Artificial pode colaborar neste processo?
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