A fonoaudiologia caminha em sua terceira década no Brasil, se firmando como a ciência dos distúrbios da comunicação humana e tem como desafio se adaptar aos conceitos da atualidade e criar frentes de trabalho que permitam ao fonoaudiólogo dialogar com a realidade do sujeito em tratamento de forma mais dinâmica, cada vez mais eficiente e baseada em evidências. Neste contexto, surgem novas tecnologias e formas de comunicação que se apresentam como um desafio a este profissional que precisa estar conectado às tendências, sem deixar de focar no resultado de seu trabalho.
“O mundo mudou”. A frase não é nova, mas não há quem discorde dela. Não conseguimos mensurar a velocidade de tal mudança, mas podemos hipotetizar através da quantidade de dados que o mundo produziu na última década: em 2009 possuíamos 0,8 Zettabytes (ZB) de dados, e num período de 2 anos chegamos a 1,8 ZB, dobrando o quantitativo acumulado até então. Nesta época, previa-se que em 2020, chegaríamos ao montante de 44 ZB, dado que foi comprovado pela International Data Corporation (IDC), que prevê que tais dados chegarão ao valor de 175 ZB em 2025.
Compreender a velocidade com que os dados estão sendo produzidos, e o ritmo com eles são processados pode ajudar a compreender o impacto da mudança que passamos e nos faz pensar na responsabilidade social da Fonoaudiologia diante de tamanha velocidade. De que maneira estamos trabalhando em tal mudança e como estamos inseridos para melhoria do cuidado.
A área das disfagias vem ganhando grande destaque no cenário do mercado de trabalho da fonoaudiologia brasileira, principalmente no contexto hospitalar, representando um grande atrativo para profissionais recém-formados e aqueles que querem mudar de área devido à maior oferta de trabalho. No entanto, para que os serviços cresçam e sejam eficientes, torna-se necessário estudar o processo de tratamento oferecido aos pacientes, assim como seus desfechos e variáveis.
A Fonoaudiologia Hospitalar vem se estabelecendo nos últimos 30 anos, num mundo pós-Guerra Fria, que é descrito por estudiosos como VUCA: Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo. Tal acrônimo, descrito pelo U.S. Army War College na década de 1990 explica a complexidade e as incertezas da situação geopolítica mundial e é utilizado na esfera de gestão e liderança para compreender contextos mercadológicos e criar estratégias para profissionais e organizações. Por conta da falta de previsibilidade e rápidas mudanças de cenário, profissionais são cada vez mais exigidos sobre posturas dinâmicas, que inspiram adaptação e eficiência.
Quanto maior é a capacidade técnica para projetar cenários de longo prazo e agilizar respostas às demandas, mais eficiente é o profissional. O mercado precisa de habilidades como visão, entendimento, clareza e agilidade, para reação eficiente no mundo VUCA.
O Fonoaudiólogo está preparado para responder com eficiência às demandas desta realidade ou ainda repete modelos de trabalho antigos para ter as mesmas respostas? O que fazemos, enquanto ciência, para evoluir, na velocidade do mundo que nos cerca?
Desta forma, é necessário que o fonoaudiólogo que atua em serviços hospitalares saiba coletar, armazenar, tratar e analisar os dados de seu trabalho para que isto seja transformado em ativos e novos processos, em benefício do paciente. Porém, lidar com dados não é algo tão simples: sua coleta, armazenamento e tratativa implicam em questões técnicas, legais e éticas, enquanto sua análise se depara com inúmeras variáveis.
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